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Uma Viticultura de Base Natural

Dia 14 de maio de 2020

Etienne Dorignac

Nuno Gaspar de Oliveira
NBI – Natural Business Intelligence

SAMECAPQ

A exploração da vinha encontra-se numa encruzilhada entre a força das raízes tradicionais e o ímpeto da inovação tecnológica, onde temas aparentemente tão díspares como a utilização de drones de apoio a viticultura de alta precisão e a recuperação de castas autóctones policlonais e resistentes à seca estão cada vez mais em cima da mesa, e na mesma página. 

Essencialmente, estamos numa fase de integração de informação, com uma riqueza, textura e abundância que nunca tivemos antes e num contexto de aceleração, transformação e incerteza. Mas a grande questão tem a ver com o que será o design futuro da paisagem vitivinícola, será um ‘jardim tecnológico’ controlado por um par de apps ou uma musealização viva de um modelo híbrido ecológico-tradicional? 

Os desafios das alterações climáticas, degradação ecológica dos ecossistemas com perda de biodiversidade, abandono persistente do mundo rural e da minimização alarmante da variedade de castas que é reconhecida pelos mercados internacionais, agravada pelo choque telúrico sobre as cadeias de comércio internacional provocada pela COVID-19 não vão deixar o setor, e muito menos as comunidades onde a vinha é a espinha dorsal da economia regional, manter-se no ‘business as usual’. 

A proposta desta palestra é precisamente apontar opções para caminhos de resiliência e transformação da vinha rumo a uma economia de base natural, onde a biodiversidade, os serviços dos ecossistemas e a adaptação climática possam ser internalizadas no modelo de negócio, a várias escalas e velocidades, numa lógica regenerativa do capital natural e da afirmação deste setor como um dos mais sustentáveis da nossa economia. 

Nuno Gaspar de Oliveira, NBI – Natural Business Intelligence
Formado em Biologia, Ecologia Aplicada na FCUL, tendo feito o trabalho final em avaliação de bioindicadores nas vinhas da Herdade do Esporão. Seguiu a via da investigação em bioindicadores e gestão de ecossistemas em áreas protegidas. Em 2005 e 2010 foi co-fundador da primeira start-up portuguesa de consultoria em biodiversidade e ecossistemas tendo trabalhado com empresas de referência do setor vitivinícola, agrícola e florestal. Entre 2010 e 2014 cooperou com a WWF e coordenou a área de sustentabilidade e docente em Economia dos Recursos Naturais do ISG Business and Economics School onde deu aulas de Economia da Energia e dos Recursos Naturais. Paralelamente pós-graduou-se Geografia e Planeamento Territorial na FCSH/NOVA e em Engenharia e Gestão, DEG/IST. Atualmente é Ecosystem Manager no Esporão SA, docente em Gestão da Sustentabilidade no IDEFE/ISEG e Scientific Advisor no Grupo de Trabalho para a implementação de uma agenda de investigação e I&D nos Vinhos do Alentejo (CVRA); participa em vários projectos nacionais e europeus de investigação aplicada em economia e gestão de serviços dos ecossistemas ao nível da gestão pública e privada, enquanto partner da NBI – Natural Business Intelligence, start-up CIBIO/Biopolis.